Para muitos pode soar estranho falarmos em um 8M se referindo à luta das mulheres trabalhadoras, como se não houvesse uma perspectiva homogênea de todas as mulheres que são representadas nessa data. Mas na verdade essa manifestação surge como uma resistência das mulheres que são de origem da classe trabalhadora lutando por melhores condições de trabalho e de vida para além de suas jornadas, contemplando toda a gama de mulheres que temos na sociedade. A essas mulheres trabalhadoras é imposta uma rotina diária que é de ser mãe, esposa, dona de casa, cuidadora, trabalhadora e com isso ainda ter de lidar com diversas expressões de machismo, de preconceito e todas as formas de opressão que se relacionam à condição de gênero de ser mulher nessa sociedade. Isso sem contar o fato de que quase metade dos lares brasileiros são chefiados e dependem exclusivamente do esforço e do trabalho das mulheres.
Marcar o dia 08 de março é de extrema importância, pois reafirma o compromisso que a classe trabalhadora deve ter com a luta das mulheres. Esses compromissos se dão de forma direta, através do apoio da construção das pautas que dizem respeito intimamente às mulheres, como o combate cotidiano à misoginia, à discriminação de gênero, ao assédio e derivados; e na forma indireta, que se dá na construção de pautas que tenham incidência na vida das mulheres, como a luta por melhores condições de acesso aos serviços, por melhores condições de trabalho, pela efetivação, ampliação e promoção dos direitos sociais, entre outros. É um importante reflexo dessas lutas podermos observar um cenário de redução de jornadas de trabalho, de direito à licença-maternidade, comemoração dos 90 anos do voto feminino e muitos mais.
Nesse sentido, é importante também observarmos questões relacionadas à realidade das trabalhadoras públicas federais e como suas lutas têm reflexos imediatos na vida do restante da população e, por consequência, na vida de outras mulheres. A luta pelo reajuste salarial, por exemplo, além de ser de extrema importância para uma categoria que não tem reajuste há, pelo menos, cinco anos em face do aumento da carestia e do custo de vida no Brasil, permite que as trabalhadoras de outras categorias tenham horizonte para exigir as mesmas reivindicações, bem como construir as lutas que competem à sua realidade específica de trabalho. Apoiar a luta por mais concursos públicos garante que, além de reduzir a pressão e o assédio por produtividade para as trabalhadoras federais, mais mulheres sejam atendidas e não precisem entrar em desespero por demora na autorização e pagamento de benefícios, de atendimentos de saúde, etc. Poder contar com uma servidora que não adoeça em decorrência do trabalho garante que mais mulheres possam acessar as políticas sociais, bem como tenham uma maior oferta delas, garantindo, na prática, a efetivação dos direitos materializados nos serviços.
Neste 8M reforçamos que a luta das mulheres trabalhadoras muda o mundo. Por isso, fazemos coro com a categoria e com o restante da população, no trabalho e nas ruas, por:
– reajuste salarial de 19,99% para a categoria federal;
– defesa do serviço público;
– melhores condições de trabalho;
– fora Bolsonaro e Mourão!