51 3284-1800

SindisprevRS OF

Assédio moral é debate no Encontro Estadual da Saúde do Trabalhador

COMPARTILHE:

A primeira mesa do Encontro Estadual da Saúde do Trabalhador colocou o assédio moral em debate. O assunto difícil, mas necessário, foi trazido à tona pelas palestrantes Margarida Barreto, que é Profa. Dra. em Psicologia Social, e pela servidora aposentada do INSS, Eliane Scherer. A coordenação da mesa ficou por conta da advogada Mari Agazzi, do Paese, Ferreira & Advogados associados.

O assédio moral, que é mais uma das inúmeras violências sofridas no mundo do trabalho, deve ser olhado para além dos indivíduos. O lucro e a produtividade estão em contradição com o trabalho e o bem-estar do trabalhador. Desta forma, eliminar o assédio passa por eliminar as desigualdades.

De acordo com a Profa. Margarida, todo assédio moral é a ponta do iceberg. “Essa humilhação, que aparece algo entre duas pessoas, tem um enraizamento maior, que é a forma como a empresa, pública ou privada administra, organiza o trabalho, e que cultura impõe a todos através da missão, visão e valores. Assim, ela é co-responsável pelos atos de violência, desrespeito e discriminação”, ela aponta.

Eliane Scherer realizou um emocionante depoimento durante a mesa, relatando os 15 anos de assédio moral que sofreu no serviço público. Durante o processo de identificação da violência, os livros escritos pela Porfa. Margarida foram um apoio para enfrentar a situação. A servidora aposentada do INSS publicou em 2016 seu próprio livro, “Lágrimas de sangue”, relatando a vivência e a superação do assédio moral, que inevitavelmente deixa marcas para o resto da vida.

De acordo com Eliane, inicialmente é difícil para a vítima de assédio moral se dar conta da violência, podendo se sentir culpada pelas situações que acontecem. “Nunca nada está bom. Não deixam a pessoa deixam concluir tarefas, ela é foco das reuniões. Tudo nela passa a ser notado, e é alvo de críticas pejorativas”, ela conta.

O assédio moral leva ao sofrimento, à ansiedade e ao medo intenso, e pode levar até ao suicídio. De acordo com Eliane, é importante avisar aos colegas e recolher o máximo de provas possíveis. “Você não vence o assédio moral sozinho. Você precisa ter ao lado os colegas dispostos a ajudar, uma equipe médica, o Ministério Público, fazer boletim de ocorrência na Polícia, procurar o Sindicato”, ela aconselha.

Após a mesa, servidores participaram do debate fazendo perguntas e relatos pessoais. A Profa. Margarida, durante a fala final, aponta que qualquer trabalhador, quando entra em uma empresa, não está dando a ela o direito de humilhar, atingir sua dignidade ou tratá-lo com desrespeito. Afinal, é o trabalho que nos identifica, e nos dá a possibilidade de sobreviver e ser reconhecido pelo outro. Portanto, ele não pode ser um espaço de sofrimento e tortura.

 

CONTEÚDOS