Durante a manhã desta quinta-feira (24), Dia Nacional do Aposentado, o clima foi de luta e resistência na Esquina Democrática, no centro de Porto Alegre. O ato em Defesa dos Aposentados e da Previdência Social reuniu associados do Sindicato, da Capital e do Interior do Estado, entidades sindicais, movimentos sociais e a população em geral para debater e denunciar a Reforma da Previdência. Aprovar esta medida é prioridade para o governo de Jair Bolsonaro (PSL), e ela deverá ir à Câmara dos Deputados ainda em fevereiro.
Trabalhadores e trabalhadoras de diversas categorias e centrais sindicais participaram da atividade e realizaram intervenções denunciando a Reforma da Previdência de Bolsonaro. Embora o novo projeto ainda não tenha sido apresentado formalmente, já se desenha como mais duro e profundo que o de Michel Temer (MDB), apresentado em 2017. O aumento do tempo de contribuição e da idade mínima para se aposentar já eram elementos da antiga proposta, mas o novo governo traz novidades.
O modelo de capitalização, por exemplo, citado com frequência nos discursos de Paulo Guedes, atual ministro da economia, propõe uma previdência com investimento individual. Essa medida transformaria totalmente o sistema atual, baseado na solidariedade, onde a geração economicamente ativa arca com a aposentadoria daqueles que já contribuíram para as gerações anteriores.
O déficit público, alvo de debates nos últimos períodos, foi mencionado diversas vezes durante o ato. Este, que é o principal argumento para a aprovação da medida, aponta a retirada de um direito social como a principal solução para a crise na economia do país. Além disso, os privilégios dos grandes empresários não são alvo da reforma da Previdência, que restringirá principalmente o acesso do trabalhador à aposentadoria.
A atividade também foi um momento de relembrar a última grande Greve Geral, que ocorreu em 28 de abril de 2017, e que obrigou Michel Temer (MDB) a recuar com a votação da Reforma naquele ano. O grande apontamento é que apenas a mobilização é capaz de garantir a aposentadoria digna, conquistada através das lutas históricas da classe trabalhadora brasileira.
Além das panfletagens e diálogo com a população, os manifestantes também distribuíram laranjas no local, em alusão ao caso Queiroz e às recentes denúncias de corrupção que envolvem a família Bolsonaro.