Porto Alegre – No último dia 3 de dezembro, os sócios da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – ADUFRGS – foram convocados a uma jornada de duas assembléias gerais sucessivas, no Salão de Festas da Reitoria da universidade. Lá, professores, observadores e alguns jornalistas testemunharam constrangidos um espetáculo de pão e circo, protagonizado pela direção da ADUFRGS que, pretendia realizar uma ampla e profunda “reforma” ou “transformação” da entidade que viabilizasse a fundação de um sindicato municipal, que atuaria em separado da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, a conhecida ANDES-SN.
No decorrer da Assembléia a proposta estava longe de ser consensual, sendo denunciada pela oposição como uma operação de dissolução da ADUFRGS e de cisão do sindicato nacional (ANDES-SN). Porém, a polêmica começaria antes mesmo do início da Assembléia, quando o presidente da ADUFRGS, Eduardo Rolim de Oliveira, declarou que poderia “permitir” o voto por procuração. Sem precedente na entidade, o uso de procurações estava sendo apresentado como legal pelo presidente, e denunciado como um golpe anti-regimental e antidemocrático pela oposição.
Ao chegar ao local da Assembléia, professores, observadores, jornalistas e demais mortais[,] surpreenderam-se com um forte esquema de segurança privada, o que causou críticas e denúncias pela oposição. Contrariando a praxe universal, a diretoria da ADUFRGS não aceitava que entidades sindicais acompanhassem a Assembléia. Somente após longas negociações, a diretoria permitiu que entrassem representantes de três entidades (CPERS, ASSURGS e ANDES-SN).
No horário previsto para o início da primeira assembléia, o presidente da ADUFRGS anunciou a presença de mais de 200 sócios no plenário e 400 procurações, declarando que havia quórum para alteração regimental e iniciando a leitura da lista de outorgantes de procurações e de outorgados. A mesa passou a ser constantemente questionada sobre as procurações, o quórum e o encaminhamento dos trabalhos, mas apenas prosseguia os trabalhos sem dar atenção e muito menos satisfação aos questionamentos.
Contrariando a mesa, o plenário deliberou a rejeição do uso de procurações, deixando o presidente da ADUFRGS e seus dois colegas que compunham a mesa sem reação.
Por amplíssima maioria, foi rejeitada a proposta de alteração do regimento. A seguir, foram aprovadas a destituição da mesa, a formação de outra, presidida pelo professor Aron Taitelbaum, e definida a composição de uma Comissão Eleitoral. Depois de vários discursos foi lida e aprovada a Ata da Assembléia. Os professores formaram duas longas filas para assiná-la, após o que foi declarada encerrada a Assembléia Geral da ADUFRGS, e começou a esvaziar-se o Salão.
Durante todas as votações propostas e realizadas pelos docentes, o presidente da ADUFRGS e seus dois colegas, embora destituídos, permaneceram sentados à mesa, local onde aguardaram o esvaziamento do Salão, quando declararam que retomavam os trabalhos no ponto em que tinham sido interrompidos, dando início a uma outra assembléia. Fantasmagoricamente, procederam à leitura melancólica de uma extensa lista de procurações. Ato seguinte: rejeitaram a contestação de um professor de Direito, que questionou importantes aspectos formais das procurações e do edital de convocação da Assembléia Geral, e aprovaram a mudança estatutária por 436 votos a favor e 4 contrários. Desses 436 votos, 399 eram procurações de ausentes. Portanto, apenas 41 sócios estavam fisicamente presentes. Sendo que no início da Assembléia havia mais de duzentos sócios da ADUFRGS, que não só exigiam respeito, mas o direito ao principio básico que norteia qualquer organização democrática: respeitar e acatar a decisão da maioria.
É bom sempre lembrar que o princípio, esquecido e velado pela atual direção da ADURGS durante a Assembléia, foi conquistado depois de 25 anos de ditadura militar, onde brasileiros, entre eles professores, perderam a vida na luta por uma palavra chamada democracia, que vergonhosamente a atual direção da ADUFRGS esqueceu naquela quarta-feira, 3 de dezembro.
Cláudio Wayne – Assessor de imprensa do SINDISPREV-RS
No decorrer da Assembléia a proposta estava longe de ser consensual, sendo denunciada pela oposição como uma operação de dissolução da ADUFRGS e de cisão do sindicato nacional (ANDES-SN). Porém, a polêmica começaria antes mesmo do início da Assembléia, quando o presidente da ADUFRGS, Eduardo Rolim de Oliveira, declarou que poderia “permitir” o voto por procuração. Sem precedente na entidade, o uso de procurações estava sendo apresentado como legal pelo presidente, e denunciado como um golpe anti-regimental e antidemocrático pela oposição.
Ao chegar ao local da Assembléia, professores, observadores, jornalistas e demais mortais[,] surpreenderam-se com um forte esquema de segurança privada, o que causou críticas e denúncias pela oposição. Contrariando a praxe universal, a diretoria da ADUFRGS não aceitava que entidades sindicais acompanhassem a Assembléia. Somente após longas negociações, a diretoria permitiu que entrassem representantes de três entidades (CPERS, ASSURGS e ANDES-SN).
No horário previsto para o início da primeira assembléia, o presidente da ADUFRGS anunciou a presença de mais de 200 sócios no plenário e 400 procurações, declarando que havia quórum para alteração regimental e iniciando a leitura da lista de outorgantes de procurações e de outorgados. A mesa passou a ser constantemente questionada sobre as procurações, o quórum e o encaminhamento dos trabalhos, mas apenas prosseguia os trabalhos sem dar atenção e muito menos satisfação aos questionamentos.
Contrariando a mesa, o plenário deliberou a rejeição do uso de procurações, deixando o presidente da ADUFRGS e seus dois colegas que compunham a mesa sem reação.
Por amplíssima maioria, foi rejeitada a proposta de alteração do regimento. A seguir, foram aprovadas a destituição da mesa, a formação de outra, presidida pelo professor Aron Taitelbaum, e definida a composição de uma Comissão Eleitoral. Depois de vários discursos foi lida e aprovada a Ata da Assembléia. Os professores formaram duas longas filas para assiná-la, após o que foi declarada encerrada a Assembléia Geral da ADUFRGS, e começou a esvaziar-se o Salão.
Durante todas as votações propostas e realizadas pelos docentes, o presidente da ADUFRGS e seus dois colegas, embora destituídos, permaneceram sentados à mesa, local onde aguardaram o esvaziamento do Salão, quando declararam que retomavam os trabalhos no ponto em que tinham sido interrompidos, dando início a uma outra assembléia. Fantasmagoricamente, procederam à leitura melancólica de uma extensa lista de procurações. Ato seguinte: rejeitaram a contestação de um professor de Direito, que questionou importantes aspectos formais das procurações e do edital de convocação da Assembléia Geral, e aprovaram a mudança estatutária por 436 votos a favor e 4 contrários. Desses 436 votos, 399 eram procurações de ausentes. Portanto, apenas 41 sócios estavam fisicamente presentes. Sendo que no início da Assembléia havia mais de duzentos sócios da ADUFRGS, que não só exigiam respeito, mas o direito ao principio básico que norteia qualquer organização democrática: respeitar e acatar a decisão da maioria.
É bom sempre lembrar que o princípio, esquecido e velado pela atual direção da ADURGS durante a Assembléia, foi conquistado depois de 25 anos de ditadura militar, onde brasileiros, entre eles professores, perderam a vida na luta por uma palavra chamada democracia, que vergonhosamente a atual direção da ADUFRGS esqueceu naquela quarta-feira, 3 de dezembro.
Cláudio Wayne – Assessor de imprensa do SINDISPREV-RS