Locais de trabalho precários, computadores velhos, sistemas ora lentos e ora instáveis, servidores desvalorizados e uma gestão que beira o caos. A fila do INSS é consequência de uma política de sucateamento que perpassa governos e que tem continuidade no atual. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Previdência Social (MPS), a fila de espera por benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) voltou a subir na reta final de 2024 e encostou nos 2 milhões de requerimentos, o maior nível desde o início de 2020, no governo de Jair Bolsonaro. Os dados mostram que o número de pedidos em análise chegou a 1,985 milhão em novembro do ano passado, período mais recente disponível.
Os servidores percebem o sucateamento do órgão com o passar dos anos. Vários locais de trabalho expõem os trabalhadores a condições insalubres de trabalho, como proliferação de mofo, insetos, falta de cuidados básicos na prevenção e combate a incêndio, entre outros. Situação essa que se agrava com a onda de calor e falta de equipamentos de ventilação e ares-condicionados. A situação do mobiliário e computadores não é diferente. Mesas sem ergonomia, quando não quebradas, falta de cadeiras apropriadas e ferramentas básicas de trabalho. A maior parte dos computadores tem mais de 10 anos de uso, com sistemas ultrapassados e lentos demais para oferecer um fluxo de trabalho ágil, sem falar em defeitos e travamentos. Sem falar nos sistemas corporativos que caem constantemente e já foram pautas de notícias na imprensa de todo o país.
Como não bastasse toda essa situação, os servidores do INSS, cujos salários estão defasados e que lutam há anos por melhores carreiras e reconhecimento, têm que enfrentar mais um desmando, o Programa de Gestão e Desempenho (PGD). O governo, através da presidência do INSS, está implantando um programa de gestão que visa descarregar todas as mazelas do Instituto nas costas dos servidores do INSS. Com a desculpa de melhorar a produtividade para combater a fila, o governo se furta de implementar investimentos mínimos para melhorar a estrutura e condições de trabalho. Em seu lugar, acabam com a jornada em horas nos locais de trabalho, implantando um sistema de pontuação diário ou entrega obscura de “produto”, forçando o servidor trabalhar mais horas sem a devida remuneração e a assumir a falta de estrutura e sistemas precários como se fosse de sua responsabilidade.
Para os servidores em teletrabalho, o governo aumentou a carga de trabalho em mais 30%. Mais uma vez se exime de investir em equipamentos e obriga esses trabalhadores a arcar com equipamentos de informática, rede e mobiliários conforme NR17. Os itens dessas exigências absurdas não cumpridos pelo INSS nos locais de trabalho e não devem ser alvo de desembolso dos trabalhos, mas sim do governo.
Finalizamos, reforçando que só há uma saída para a fila do INSS, e ela passa por investimentos em infraestrutura, concurso público e valorização desse órgão tão importante à população brasileira. O problema da produtividade no órgão não está na linha de frente, está na gestão.