Nos dias 29/09, 30/09 e 01/10 ocorreu o II Encontro Estadual da Saúde do Trabalhador do SindisprevRS, voltado para o público ativo, no Hotel Villa Ventura, em Viamão, contando com a participação de servidores da Saúde/Anvisa, do Ministério do Trabalho e do INSS. O evento contou com mesas, as quais debateram temáticas pertinentes à categoria, que envolve sobre saúde do trabalhador e condições de trabalho.
O primeiro dia de encontro foi marcado pela mesa de abertura, realizada pela diretoria da Secretaria de Saúde do Trabalhador: Anahí Melgare (INSS), Rosângela Rodrigues (Saúde) e Weber Nunes (INSS), desejando boas-vindas aos servidores presentes.
A mesa de conjuntura com o tema: “O desmonte do serviço público e seus impactos na saúde dos trabalhadores”, realizada pelo Diretor José Campos e pelo Prof. Dr. Fernando Dillenburg trouxe reflexões importantes sobre o contexto político, econômico e social e suas transformações para o serviço público.
No segundo dia de encontro, ocorreu a mesa “Impactos da Gestão e Precariedade: A Saúde das/os Trabalhadoras/os Federais em Debate”, apresentada pela Prof.ª Dra. Dolores Wunsch, a qual palestrou sobre o tema de condições de trabalho em meio ao desmonte do sistema de proteção social brasileiro, e pela Prof.ª Dra. Rachel Gouveia, a qual debateu acerca da temática da Saúde Mental no trabalho.
A mesa “Condições de Trabalho Reais e Prescritas: O que os espaços de trabalho têm a nos dizer?” contou com a presença da Prof.ª Dra. Janine Monteiro que abordou sobre Precarização do trabalho e Assédio Moral. A equipe técnica da SST, a psicóloga Fabiane apresentou o diagnóstico das condições de trabalho no RS, a partir das visitas técnicas realizadas às APS no Estado e a Assistente Social Dulcinéia apresentou o resultado da pesquisa sobre o teletrabalho e as repercussões na Vida e na Saúde das/dos Trabalhadores Públicos Federais do INSS do RS.
Após a mesa, houve a realização de trabalho em grupos que proporcionou melhor interação e espaço de fala da categoria, no qual foi proposto debate acerca do tema “Realidade de Trabalho e saúde do trabalhador” com encaminhamentos de pauta de lutas sobre estes temas, sendo compartilhados e debatidos no terceiro e último dia do evento.
Leia abaixo os encaminhamentos dos grupos de trabalho:
GRUPO 1
- SIASS para todos servidores federais independente do órgão;
- Ter um SIASS por GEX (retorno);
- Retomar cooperação do SIAS com outros espaços de saúde;
- Ter um canal para falar/remarcar as perícias;
- Elevar o valor per capita da saúde complementar paga aos servidores;
- SQVT retornar para o SIASS;
- Fortalecer as ações.
Sobre assédio moral:
- Cobrar a promessa do presidente do INSS em combater o Assedio Moral;
- Ter um canal de escuta;
- SQVT – programa escuta da SR Sul – fortalecer e ampliar a divulgação do mesmo;
- Ampliar a escuta a nível nacional;
- Acessibilidade para servidores com deficiência;
- Estruturar RH/SOGP tendo canal para se comunicar.
Sobre condições de trabalho:
- Sucateamento dos locais de trabalho – denunciar aos órgãos competentes as condições dos prédios;
- Melhorar os espaços de trabalho presencial;
- Colocar wifi nas APSs;
- Equipamentos de informática novos;
- Melhorar condição de trabalho remoto – equipamentos + internet – proteção da saúde;
- Abatimento de metas quando acontecer sinistro (queda de luz/internet);
- Suporte técnico TI (invasores e antivírus);
- Destinação do lixo eletrônico – sugestão: evento de doação para reciclagem.
GRUPO 2
“Acolher é a palavra, acolher é a estratégia”
- Mudança de estratégia da entidade sindical, já que percebemos um esvaziamento nos sindicatos em geral;
- Foco na saúde: chamar e acolher servidor à participar do sindicato como um ambiente de acolhimento, o qual não possui no seu ambiente de trabalho;
- Mostrar a dimensão que o sindicato representa além das lutas;
- Trazer os colegas alienados para a base do sindicato, afinal, não tem como ter uma base mobilizada sem essa mesma base não se sentir pertencente ao todo;
- A saúde mental é fundamental em qualquer estratégia, assim, cuidar dela é primordial em qualquer processo de luta, pois hoje o funcionário público está acuado e impotente, portanto cada trabalhador encontrou o seu jeito de “blindar” seu emocional para suportar a realidade atual;
- Um exemplo que ocorre no “acolhimento” de forma negativa: igrejas pentecostais que usam disso como forma de influenciar em decisões políticas, capazes de promover a mobilização para determinadas causas.
GRUPO 3
- Diminuição da qualidade dos serviços devido a imposição da produtividade;
- Condições de trabalho insalubres, sem estrutura para desenvolver os serviços;
- Assédio moral personificado na obrigatoriedade de militância política;
- Insegurança física no local de trabalho devido a localização, com a violência adentrando o local;
- Discriminação
- Colegas trabalhando doentes com receio de perdas monetárias e do próprio local de trabalho;
- Assédio moral por esvaziamento da função;
- Sobrecarga de trabalho e acúmulo de função, abuso da capacidade intelectual;
- Falta de apoio à saúde mental;
- A saúde está com quadro reduzido, cedido e pulverizado no RS;
- Apoio e suporte estrutural e financeiro para o pessoal que se encontra em trabalho remoto.
GRUPO 4
Desmonte do serviço público e seus impactos na saúde dos trabalhadores. De acordo com o relato de cada um, constatamos a fragilidade na saúde apurada pelo desmonte público. O trabalho solitário e o remanejo de lotação levaram a sensação de abandono e invisibilidade e, consequentemente, à depressão. Os encontros presenciais para o restabelecimento de saúde mental e a união da categoria fortalecem a base. Um dos principais fatores de desgaste é a retaliação, o não reconhecimento e a desvalorização, uma das razões do assédio moral no serviço público. Nossa sugestão seria a criação de canais de apoio, comissões que se empenhem em ouvir, tratar e a apoiar o servidor que está sofrendo e/ou se sentindo doente, um canal institucional.